Transtorno Bipolar
O Transtorno Bipolar é uma doença mental grave, crônica, recorrente, que apresenta relevante severidade de sintomas, caracterizada por episódios de alteração de humor entre mania e depressão e que provoca prejuízos psicossociais.
As flutuações de humor do indivíduo devido aos altos e baixos de seu estado emocional tornam a convivência difícil no ambiente familiar e com as pessoas de seu relacionamento, é uma doença de grande impacto na vida do paciente, causando prejuízos frequentes em vários setores da sua vida, além do sofrimento psicológico.
Os episódios de mania ou depressão algumas vezes podem manifestar de forma tão severa, que pode resultar em sintomas de psicose, com alucinações (ver, ouvir e sentir a presença de coisas que não existem e fortes crenças fora do pensamento racional).
Esta patologia não tem cura, por isto, o tratamento farmacológico é considerado indispensável aliado à terapia, que pode ajudar no controle dos sintomas, pois sem tratamento pode acentuar os episódios de mania e depressão, apresentando-se cada vez mais frequentes e intensos, com risco de morte por suicídio. As causas da doença não são bem definidas, porém há conhecimento de que fatores biológicos (relativos a neurotransmissores cerebrais), genéticos, sociais e psicológicos contribuem para o desencadeamento da doença. É um transtorno que apresenta uma condição que deve ser acompanhada por um longo período de tempo, às vezes ao longo de toda a vida de um paciente.
Os sintomas costumam variar em seu padrão, gravidade e frequência de acordo com o diagnóstico da doença para cada pessoa:
- Fase maníaca: fácil distração; insônia e redução da necessidade de sono; capacidade de discernimento diminuída; pouco controle do temperamento; compulsão alimentar, beber demais e/ou uso excessivo de drogas; manter relações sexuais com muitos parceiros, aumento do impulso sexual; gastos excessivos; hiperatividade; maior nível de energia; pensamentos acelerados que se atropelam; fala muito e rápido; autoestima muito alta (ilusão sobre si mesmo ou habilidades), otimismo e confiança exagerados; ideias grandiosas; grande envolvimento em atividades; elevada agitação ou irritação, impaciência; inquietação física e mental; humor excessivamente animado, exaltado, eufórico, alegria exagerada e duradoura; comportamento inadequado, provocador, agressivo.
- Fase depressiva: humor melancólico, depressivo; desânimo diário; dificuldade de se concentrar, de lembrar ou de tomar decisões; perda ou aumento de apetite/peso; fadiga ou falta de energia; sentir-se inútil, sem esperança; culpa excessiva ou pessimismo; perda de interesse nas atividades que habitualmente eram prazerosas; baixa autoestima; pensamentos sobre morte e suicídio; problemas para dormir ou excesso de sono; inquietação e irritabilidade ou lentidão.
Existem outras formas de manifestação do Transtorno Bipolar, além dos episódios bem definidos de mania e depressão:
Hipomania: o estado de humor elevado, expansivo, eufórico ocorre, porém de forma mais moderada. Os sintomas são os mesmos da mania, porém em intensidade reduzida e com prejuízos menores no funcionamento do indivíduo.
Episódios Mistos: em um mesmo dia pode ocorrer junto ou haver a alternância entre depressão e mania. Em poucas horas a pessoa pode chorar, ficar triste, sentir-se sem valor e sem esperança, e no instante seguinte estar eufórica, sentir-se capaz de tudo, ou irritada, falante e agressiva.
Transtorno Ciclotímico: caracteriza pela oscilação de humor menos grave, alternando entre hipomania e depressão leve. Pode ser facilmente confundido como uma pessoa marcada por instabilidade crônica do humor.
No tratamento é importante identificar os sintomas para que o paciente e seus familiares reconheçam os estados de humor considerados normais e patológicos, entendam qual é a sua condição clínica, como forma de administrar os conflitos, tenham consciência do que altera na sua vida nos episódios de depressão ou mania e a maneira como percebe a si mesmo, os outros e o futuro. O tratamento ajuda o indivíduo a discernir quando esta havendo mudança de humor, buscando maneiras de administrar as crises.
A Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do transtorno bipolar tem como objetivo:
- Educar pacientes e familiares sobre o transtorno bipolar, seu tratamento e suas dificuldades associadas à doença;
- Ensinar métodos para monitorar a ocorrência, a gravidade e o curso dos sintomas apresentados;
- Incentivar à aceitação e a cooperação no tratamento;
- Oferecer técnicas não-farmacológicas para lidar com sintomas e problemas.
- Auxiliar o paciente a enfrentar fatores de estresse que podem interferir no tratamento ou precipitar episódios de mania ou depressão;
- Estimular à aceitação da doença.
- Aumentar o efeito protetor da família.
- Reduzir o trauma e o estigma associados ao diagnóstico.
Embora seja difícil a manutenção da aliança terapêutica devido aos sintomas que flutuam, é importante a habilidade do terapeuta para buscar a colaboração do paciente, através do entendimento do objetivo das intervenções, o resultado esperado e suas responsabilidades específicas, analisando com o paciente as variáveis e obstáculos que podem influenciá-lo ao longo do tratamento. A terapia cognitivo-comportamental é uma terapia breve e estruturada, com foco nos eventos e nas dificuldades atuais, orientada para a solução de problemas, que envolve a colaboração ativa entre o paciente e o terapeuta para atingir os objetivos planejados.