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Maria Aparecida Almeida
Terapia Cognitivo-Comportamental
PRINCÍPIO BÁSICO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
É um movimento que envolve um conjunto de abordagens que apresenta três princípios, presentes em todos os tratamentos da Terapia Cognitivo-Comportamental conforme Dobson e Dozois (2001):
1 – Hipótese de acesso: o conteúdo e o processo de nosso pensamento são passíveis de ser acessado. Através de um treinamento adequado e atenção, o paciente pode se tornar ciente de seu próprio pensamento.
2 – Hipótese de mediação: os pensamentos medeiam nossas respostas emocionais nas diferentes situações vivenciadas. A maneira como interpretamos ou pensamos o acontecimento é crucial para determinar a forma como nos sentimos. Os padrões de comportamento manifesto nas diversas situações vivenciadas são influenciados fortemente pelas cognições ou pensamentos.
3 – Hipótese de mudança: é uma proposição que acontece a partir das hipóteses anteriores, que estabelece, que por as cognições serem passíveis de conhecimento e mediarem às respostas as diferentes situações, é possível intencionalmente mudar o modo pelo qual respondemos aos acontecimentos vivenciados. Por meio da compreensão de nossas reações emocionais e comportamentais podemos nos tornar mais funcionais e adaptados ao meio, assim como empregar as estratégias cognitivas sistematicamente.
Além desses princípios a chamada “hipótese ou conjectura realista”, que é uma perspectiva filosófica geral, é também endossada pelo movimento cognitivo-comportamental, embora haja variação sobre essa questão entre este movimento (Dobson & Dozois, 2001; Held, 1995). A ideia é que um “mundo real” ou realidade objetiva existe independente de nossa consciência desta realidade, sendo que, quanto mais acurada for a avaliação do mundo, maior será a adaptação à suas demandas, do contrário, uma percepção equivocada das situações vivenciadas, leva a pessoa a agir de forma disfuncional em relação a seu ambiente social. Conhecer perfeitamente o seu mundo ninguém conhece, em alguma medida há um descompasso, porém a pessoa que tende a distorcer a realidade ao seu redor ou que não consegue ver as situações como elas são, terá mais problemas do que aquele que tem uma avaliação mais realista.
Os terapeutas cognitivo-comportamentais admitem que existam interações complexas entre fatores biológicos (exemplo: genética, funcionamento de neurotransmissores, estrutura cerebral e sistemas neuroendócrinos), influências ambientais e interpessoais e elementos cognitivo-comportamentais na origem e no tratamento de transtornos psiquiátricos (Wright, 2004; Wright & Thase, 1992).
O primeiro a desenvolver teoria e métodos para aplicação de intervenções cognitivas e comportamentais a transtornos emocionais foi Aaron T. Back. A unificação das formulações cognitivas e comportamentais na psicoterapia vem desde a década de 1960 e pesquisas tem demonstrado a eficácia de uma abordagem combinada. O princípio fundamental da Terapia Cognitivo-Comportamental é que a forma como os indivíduos percebem e processam a realidade influenciará na maneira como se sentem e se comportam. Nos transtornos psicológicos o indivíduo ao processar as informações, os pensamentos se apresentam mais distorcidos e rígidos, os julgamentos tendem a ser absolutos e generalizados e suas crenças fundamentais mais inflexíveis. Estes decorrem de um modo distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando os afetos e os comportamentos (Beck, 1997). Indivíduos que apresentam transtornos emocionais, segundo a hipótese da vulnerabilidade cognitiva, demonstram uma rigidez, ou uma tendência aumentada a distorcer as situações vivenciadas, no momento de processá-las, havendo uma resistência à possibilidade de interpretações alternativas.
Na avaliação do paciente a formulação integrada, que relaciona considerações cognitivo-comportamentais, biológicas, sociais e interpessoais é importante como forma de direcionar o tratamento.
O desenvolvimento e aplicação de processos conscientes adaptativos de pensamento, como o pensamento racional e a solução de problemas são estimulados pelos terapeutas da TCC. A proposta da psicoterapia é ensinar o paciente a identificar, examinar e modificar as distorções do pensamento para retomar um processamento de informações mais preciso, tornando-se mais flexível, não-absoluto na avaliação dos eventos (Neenan & Dryden, 2000). Há bastante empenho dos terapeutas no sentido de auxiliar os pacientes a reconhecer e modificar pensamentos patológicos em dois níveis de processamento de informações relativamente autônomos: pensamentos automáticos e esquemas (Beck et al., 1979; D. A. Clark et al., 1999; Wright et al., 2003). Cognições que invadem rapidamente nossa mente quando estamos vivenciando alguma situação ou relembrando algum acontecimento são chamados de Pensamentos Automáticos, os quais muitas vezes não são percebidos conscientemente, por acontecerem de forma rápida, involuntária e automática. Estes quando são exagerados, distorcidos, equivocados, irrealistas e disfuncionais exercem um papel importante na psicopatologia, por moldarem tanto as emoções como as ações do indivíduo diante das situações vivenciadas. Os esquemas se referem às crenças nucleares que funcionam como matrizes ou regras subjacentes para o processamento de informações. Como conceituação esquema são estruturas cognitivas e crenças é o conteúdo dos esquemas, estes permitem que o indivíduo possa selecionar, filtrar, codificar e atribuir significado as informações do meio no qual esta inserido. As crenças nucleares são ideias e conceitos mais enraizados e fundamentais acerca de nós mesmos, das pessoas e do mundo, estas vão se construindo desde a infância e se fortalecendo ao longo da vida, moldando a percepção e a interpretação do indivíduo nas situações vivenciadas, moldando o seu jeito psicológico de ser. Para promover mudanças no sistema de esquemas e crenças de um indivíduo, são realizadas intervenções na forma de processar informações, ou seja, interpretar, representar ou atribuir significado a eventos, levando-o a modificar as respostas emocionais e comportamentais. O objetivo dessas intervenções é uma reestruturação cognitiva do paciente, o que o levará a processar informação no futuro permitindo novas alternativas.
A Terapia Cognitivo-Comportamental tem um caráter pedagógico como modelo psicoterápico, que permite ao paciente aprender e praticar novas estratégias, reconhecer e modificar os padrões de pensamento e comportamento disfuncionais, que interferem negativamente na sua funcionalidade. A discussão sistemática e tarefas comportamentais estruturadas para ajudar o paciente a avaliar e modificar esses padrões são bastante utilizadas. É uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, com metas claras e definidas, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais.
Conhecer os fatores que causam e/ou mantém um transtorno, possibilita o planejamento de intervenções clínicas individualizadas e a efetividade clínica do terapeuta cognitivo-comportamental dependerá de sua relação com o paciente. Várias são as técnicas utilizadas na busca de uma mudança cognitiva, visando modificar o pensamento e o sistema de crenças disfuncionais do paciente, para promover uma mudança emocional e comportamental de longo alcance, duradoura.
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Maria Aparecida Nogueira Lacerda Almeida Psicóloga Clínica - CRP 20210/05
Psicóloga graduada pela FUMEC – BH. Especialista em Psicoterapia Cognitiva Comportamental pelo Centro Universitário de Araquarara – UNIARA – SP e Psicologia Empresarial pela Universidade Católica de Petrópolis. Atua no atendimento psicológico a adolescentes e adultos.
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